terça-feira, 13 de setembro de 2011

A Reflexão como arma de combate

                    
                    Sentado em minha mesa, coberto de devaneios depois de um dia de leitura sobre a educação dos nossos jovens, notei em meio à profunda reflexão que entre os alunos (jovens estudantes do século XXI), não existe a menor perspectiva de futuro. Não sei, ou melhor, acredito que essa semente que foi plantada na alma das nossas crianças e até dos nossos adultos, e a mostrarei nas próximas linhas; é um tanto penoso ter que constatar que, se colocarmos um ao lado do outro, nós não conseguiríamos distinguir qual dos dois tem mais ódio, aversão, e até nojo pelo conhecimento.
                   Quando digo que é muito difícil fazer o amor pelo conhecimento brotar em seus espíritos, é por que essa missão é quase impossível, sabe por quê? Porque as pessoas não estão sendo preparadas espiritualmente para o ato da reflexão e, se quando pequenas não são preparadas para isso, muito menos haverá esforço depois de adultas, salvo algumas exceções.       
    O ato de pensar não requer apenas parar e pensar, mas sim estar pronto para analisar todas as coisas que nos cercam, desde atos, falas, gestos, expressões e pensamentos sobre tais ou quais situações cotidianas. E para que tais coisas sejam pensadas, repensadas ou até comecem a ser observadas, já que este é o primeiro passo para o ato da reflexão; nós que somos amantes da boa leitura, nós que amamos conhecer o mundo através da literatura, da filosofia, da poesia, das artes, e da ciência, temos como missão mostrar a estas pessoas como é maravilhoso conhecer o mundo e agir frente a este para conscientizar as pessoas que todos esses atos desumanos têm origens, e que não são sobrenaturais. E é só assim, mostrando o quanto a leitura, e o conhecimento em geral, é importante para o ser humano enquanto agente transformador desta realidade, é que este passará a entender por que o conhecimento é tão importante em sua vida.
Só conseguiremos eliminar esta erva daninha do ódio pelo conhecimento, através do combate intermitente contra a ideologia do capital, que hoje, não produz mais sonhos como era em seus anos de florescimento; o capitalismo de certa forma apresentou-nos um mundo cheio de maravilhas como: Prosperidade financeira, paz em todos os povos e nações, ou seja, o sonho burguês estava sendo implementado em nosso espírito, era o lema da classe dominante chamado: liberdade, igualdade e fraternidade.
              Das promessas feitas em pleno fervor revolucionário burguês, não resta se não apenas promessas; não há o menor resquício da liberdade praguejada pelos burgueses, por que a única “liberdade” que vejo em pleno capitalismo é a liberdade de morarem embaixo da ponte se não conseguir emprego, ou passar vida inteira ingerindo cartelas e mais cartelas de remédios por que tem alguém por trás das indústrias farmacêuticas que quer lucrar em cima das doenças que o povo sofre, e também sou “livre” para ser explorado até o “cerne” para no final do mês receber um salário (se é que posso chamá-lo de salário).

Enquanto isso meu dinheiro ou a mais-valia (chamada por mim de roubo institucionalizado) apropriada pelo patrão está lá, na bolsa de valores, rolando de um lado para outro como uma bola de praia, até que um dia a bolha especuladora estoura e eu, e muitos outros Brasileiros que iremos pagar, com seus corpos, os arrombos que a especulação dos patrões fizeram com o nosso próprio dinheiro. Como diria José Saramago pagaríamos a crise como já a pagamos ‘com o sangue do dinheiro ou o dinheiro do sangue’.
               Sobre a igualdade e a fraternidade nem preciso demorar muito em explicações, basta vermos como a igualdade funciona na prática. Exemplo. Todos os pobres perante a lei são iguais, mas os ricos e poderosos não, sabe por quê? Porque foi das mãos destes que nossas leis foram formuladas e, acredito que aqui ninguém está enganado achando que os poderosos latifundiários, industriais e o empresariado de modo geral iriam ficar sem respaldo nenhum sabendo que um dia a revolta popular vai acontecer. E a “fraternidade” a deixo como reflexão, já que a crônica trata justamente do ato de refletir.
               Acredito estar aqui relatado o início do início de todos os males que assombram a humanidade. Agora partindo do principio que o capitalismo causa por natureza as desigualdades, os conflitos entre as pessoas e nações como escapar disto?                                 

Bom, a resposta acredito eu estar na organização social, mas para que essa ordem se dê, é evidente que devemos ter um arcabouço de conhecimentos para combater algo que também foi pensado, pois apesar de o capitalismo ser desigual e a primeiro momento vermos que ele deve ser eliminado da face da terra, temos que ter em mente que as pessoas que se privilegiam deste sistema: os industriais, os latifundiários, o agronegócio e etc., não deixarão que esses privilégios: ter muito dinheiro sem fazer o mínimo esforço, de ter os melhores carros e casas graças aos suores dos trabalhadores, entre em ruínas ou caia definitivamente, como é a vontade da grande maioria dos povos oprimidos.                
                Pois bem, ao vermos este pequenino quadro da humanidade, não há outra saída para o ser humano, a não ser combater o capitalismo, combatê-lo com literatura, poesia, filosofia, artes e ciências, mas para que essas artes sejam verdadeiramente expressões dos povos oprimidos, devemos consumi-las, apreciá-las e até criá-las, de modo consciente, por que nossa luta diária é contra o capitalismo e não contra as pessoas, por que somos nós e somente nós os oprimidos que iremos mudar o mundo, porque, como diz o hino a internacional socialista: façamos nós com nossas mãos. Tudo o que a nós nos diz respeito.


                É só assim, mostrando o quanto a leitura, o conhecimento é importante para a humanidade em geral que as pessoas vão começar a entender que mais vale um sábado de leitura a um final de semana de pura bebedeira.